[extra] Galáxia • leituras do meu outono
O que li nos últimos meses e o que está no meu radar para os próximos
Essa é uma edição extra da Galáxia. Sabia que com apenas 10 reais por mês você apoia o meu trabalho e viabiliza essas edições especiais?
Depois de um verão com leituras muito produtivas, vim compartilhar um pouco do que li nos últimos meses. Dessa vez, escolhi alguns livros mais densos, longos, lentos, mas que embalaram bem os dias corridos por aqui. Teve o novo da Chimamanda, um romance sobre a relação mãe e filha, clássicos queer que atravessaram décadas e continentes, uma ficção ecológica que cresce devagar, uma volta pelo espaço e um caderno proibido. Bora?
A contagem dos sonhos, Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras)
Um romance íntimo e maduro sobre quatro mulheres cujas vidas se entrelaçam entre a Nigéria e os Estados Unidos, durante e depois da pandemia. É um livro sobre afeto, perdas e os caminhos tortuosos da felicidade, com a escrita afiada e cheia de humanidade da Chimamanda. Acho a autora muito boa em desenvolver personagens complexos e que não se encaixam em uma só caixinha. Entrou para os favoritos!
Se você gostou de: Insecure, Americanah, Queenie.
Dois clássicos queer
Nunca tinha lido nada do James Baldwin e achei que valia começar pelo seu livro mais conhecido. Já o romance da Astrid Roemer conheci nessa temporada como parceira da Companhia das Letras e foi uma ótima surpresa.
🏳️🌈 O quarto de Giovanni, James Baldwin (Companhia das Letras)
Publicado em 1956, o romance acompanha David, um jovem americano em Paris que se vê dividido entre o compromisso com a noiva e uma paixão intensa por Giovanni, um garçom italiano. Com camadas autobiográficas e escrita afiada, fala de temas como desejo, identidade e culpa. É um livro curto, mas muito profundo e essencial para qualquer biblioteca LGBT+.
💔 Sobre a loucura de uma mulher, Astrid Roemer (Companhia das Letras)
Noenka foge de um casamento abusivo no interior do Suriname e começa uma jornada de libertação marcada por traumas coloniais, pressões sociais e uma primeira paixão por uma mulher. Não é uma leitura fácil, mas vale se você gosta de livros com esse ritmo. E bônus: adoro quando leio algo de um país menos conhecido, parece que estou explorando novos territórios e histórias.
Se você gostou de: Me chame pelo seu nome, Retrato de uma jovem em chamas, Édouard Louis.
Caderno Proibido, Alba de Céspedes (Companhia das Letras)
Esse foi um sucesso no ano passado e estava na minha lista desde que vi muita gente que eu gosto indicando. Situado na Roma dos anos 1950, o romance acompanha Valeria, uma mulher de classe média que compra um caderno e começa a escrever nele seus pensamentos mais íntimos. Aos poucos, a escrita vira espaço de liberdade e de confronto com os papéis impostos a ela como mãe, esposa e profissional. Realmente vale o hype!
Anotações sobre o nosso planeta
Dois livros muito aguardados por mim desde o ano passado e que finalmente saíram aqui no Brasil. Os dois são lentos e o calhamaço do Richard Powers foi uma leitura que durou quase um mês inteiro por aqui. Mas são livros que nos fazem pensar sobre a vida nesse planeta e que estão ecoando na minha cabeça desde então.
A trama das árvores, Richard Powers (Todavia)
Um romance monumental que acompanha nove personagens ao longo de décadas, todos ligados de alguma forma ao mundo das árvores. A escrita é cheia de detalhes científicos e poéticos, às vezes exige paciência, mas a recompensa vem em forma de uma visão profunda sobre tempo, natureza e interdependência. Você nunca mais vai olhar para as árvores do mesmo jeito!
Orbital, Samantha Harvey (DBA Editora)
Um livro quase sem enredo, mas cheio de pensamento. A história se passa em 24 horas na vida de seis astronautas a bordo da Estação Espacial, observando a Terra do espaço. É um romance sobre silêncio, repetição, cuidado e estranhamento, quase uma meditação. Eu, como uma boa amante de qualquer coisa relacionada ao espaço, adorei.
Se você gostou de: Gravidade, Solaris, Stefano Mancuso.
Horas azuis, Bruna Dantas Lobato (Companhia das Letras)
Uma jovem brasileira se muda para uma universidade em Vermont e passa os dias entre aulas e chamadas de Skype com a mãe no Brasil. Escrito originalmente em inglês e traduzido pela própria autora (que também é uma tradutora premiada), o livro captura o que é estar entre línguas, lugares e versões de si mesma.
Se você gostou de: Aos prantos no mercado, A idiota.
Próximas leituras:
De onde eles vêm, do Jeferson Tenório: amo tudo dele e estou louca para ler o novo.
James, Percival Everett: estou curiosa com esse, que estava em todas as listas do ano passado.
Fui impactada pelos 30 livros favoritos do Bookster e alguns clássicos tinham passado batido por aqui e agora entraram pra lista: As alegrias da maternidade da Buchi Emecheta, A cor púrpura de Alice Walker e Equador do Miguel Sousa Tavares.
Por hoje é só! O que vocês leram de bom nesses últimos meses? Me contem aqui nos comentários. Nos vemos semana que vem com edição normal da newsletter.
Amei demais Orbital!!! Ainda tá ressoando por aqui! E, um livro que vc vai gostar caso não tenha lido ainda (mas duvido), é "A insubmissa", da Cristina Peri Rossi, queer, maravilhosa e divertida.
Terminei o caderno proibido há pouco e gostei demais! Orbital está na minha lista do futuro, espero lê-lo. A trama das árvores ainda tenho dúvidas se vou gostar...
Adorei as dicas! ☺️